domingo, 7 de fevereiro de 2010

Bom Dia.



Primeiro foram as ligações no celular, que a despertavam de cinco em cinco minutos, até ela jogá-lo no chão. A bateria pulou fora com o impacto da queda; agora sim, sossego.

Daí vieram as buzinas, o carro do gás, o toque da escola das crianças. Levantou-se e fechou todas as janelas, ela ainda precisava dormir.
Caiu no sono, mas em pouco tempo começaram as batidas na parede do apartamento ao lado, a vizinha avisara uma semana antes que faria uma reforma. E a tal reforma começou justamente hoje. Acostumou-se com as batidas e adormeceu.
Meia-hora depois a campainha toca, ela levanta e vai à porta, era a faxineira, terça era dia de faxina e Dona Emiliana tinha avisado que chegaria um pouco mais tarde do que o habitual e estava sem sua chave. Lógico que ela esqueceu, mas enfim. Voltou para a cama, não ia desistir nunca.
O barulho do aspirador de pó e das marteladas na vizinha eram música para seus ouvidos,  ela dormiu.
Uma hora depois o despertador toca, já era hora de acordar, o trabalho esperava. O sono atribulado a fez acordar mais morta do que quando havia ido dormir. Levantou-se e tomou um café, era hora do almoço o feijão na cozinha da vizinha do outro lado cheirava e a deixava enjoada.
Saiu à rua finalmente e caminhou até a parada do ônibus, estava lotado e alguém lia a bíblia em voz alta. Ouvia as palavras aleatoriamente, e de repente algo não fez sentido, havia um cachorro azul sentado na cadeira à sua frente, e pessoas surgiam e desapareciam na rua.
De repente, o cenário muda, ela está numa sala escura, com algumas velas já em seu fim tentando iluminar livros velhos com teias de aranha, novamente pessoas conhecidas surgem e o barulho do despertador recomeça.
Ela abre os olhos e vê seu quarto, seu pai está na porta dizendo que já está tarde e é hora de levantar, o feijão da vizinha do lado cheira e a deixa enjoada, as marteladas do apartamento de cima continuam e Rita estava guardando o aspirador de pó no armário da lavanderia.

E assim mais um dia começa, sem que ela saiba o que foi sonho, o que não foi, se está acordada ou se ainda dorme, ou se vai, de repente aparecer em um lugar novo; amanhã.

2 comentários:

  1. Sinto-me assim quando sonho. Sonho todo dia. Tudo parece real e ilusão, mas ambos são um pouco de cada.

    Abraços!

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  2. Sinto falta de sonhos.
    Nem que fossem assim.

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